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por Paiva

Jun 08 • 2 min read

desligar não resolve, mas revela tudo


mentira, scroll e silêncio

Ontem à noite eu abri o celular só pra ver a hora.

Duas horas depois, eu ainda tava lá.

Rodeando stories de gente que não conheço, comendo notícias requentadas, e me sentindo… inquieto. Você já passou por isso, né?

De abrir a tela por reflexo e só fechar quando o corpo reclama?

Tem dias que a gente não scrolla. A gente afunda.

E o mais curioso é que o conteúdo que nos prende não é o que responde. É o que confunde.

Notícias truncadas. Opiniões disfarçadas de fatos. Memes como método de manipulação.

O vício não está na tela. Tá no ruído.

faz parte de um plano


No barulho constante que nos mantém meio alertas, meio exaustos, meio perdidos.

E esse “meio” é parte do plano. Porque dúvida, hoje, é produto.

Se o conteúdo te deixa certo, você fecha a aba.

Mas se ele te deixa com uma pulga atrás da orelha, você compartilha. Você comenta. Você volta.

O mercado percebeu. E a desinformação virou core business.

Tem briefing. Tem verba. Tem segmentação de público.

Mentira com planejamento de mídia.

E aí, pra proteger o lucro, vem o truque:

embaralha-se liberdade de expressão com liberdade de mercado. Liberdade de mercado com liberdade política.

Como se regulamentar mentira paga fosse censurar poesia.

a gente se acostuma


Mas…a gente não vende remédio sem bula.

Não se pode abrir uma fábrica de fumaça tóxica no meio do bairro.

Na internet? A fumaça é conteúdo.

E tem gente ganhando com isso. Chamando de “liberdade”.

E sabe o que acontece quando esse modelo funciona? Os outros copiam.

Não porque acreditam. Mas porque dá resultado.

O blefe vira regra. A exceção vira método. A verdade vira só mais uma opinião.

E a gente? Se acostuma.

Com o feed que nunca acaba.
Com a dúvida como estado natural.
Com a sensação de que estamos sempre atrasados, mas nunca chegando.

e quando a dúvida vira hábito

a lucidez parece arrogância.
a calma, alienação.
o silêncio, culpa.

Fechei o laptop no meio da tarde. Sem notificação. Sem motivo.

Só… chega. Deitei no chão da sala com a Twiggy.

Ela encostou a cabeça no meu peito e suspirou, roncou, pra ser mais preciso.

Um som sem algoritmo. Sem filtro. Sem intenção de viralizar.

Fiquei ali, olhando pro teto, com a cabeça ainda zumbindo dos ruídos que chamei de “informação”.

A luz já tinha baixado. Mas havia uma espécie de silêncio cheio no ar.

Como se o mundo não precisasse da minha opinião por um instante.

E ali, entre o focinho dela e o teto da sala, pela primeira vez no dia, nada me puxava.

Nem feed. Nem dúvida. Nem urgência.

Só o contorno das coisas. E às vezes…isso já é bastante.

Esse e-mail termina aqui.

O resto, é seu.

quando você estiver pronto, existem 3 formas com que posso te ajudar:

1. com as minhas cartas: uma vez por mês, eu sento. Pego papel, caneta e escrevo pra você.

2. com os meus vídeos: no fim das contas, a única coisa que realmente importa (e permanece) é o que sobra quando a gente se desliga do algoritmo. é sobre isso os meus vídeos.

3. com as minhas news: artigos, histórias e experiências sobre a arte e a ciência de ser produtivo. focado em organização para mentes cronicamente online.

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