mas, por que?
Tenho feito bastante videochamadas ultimamente.
Algumas com amigos antigos, outras com desconhecidos bem-intencionados.
Chamam de networking.
Eu chamo de tentativa.
Tentativa de me manter em movimento. De abrir uma porta. De me lembrar que ainda tem alguém do outro lado da tela.
A maioria começa igual:
Cenário arrumado, sorriso encaixado,
“Como você tá?”
“Me conta mais de você.”
Tudo certo. Tudo educado.
tudo… vazio?
Outro dia, desliguei uma dessas chamadas com uma sensação difícil de explicar.
Tinha sido gentil. Cordial. Até promissora.
Mas quando a tela ficou preta, me bateu um silêncio que não era só ausência de som.
Era outro tipo de ausência.
Uma que me acompanha mesmo rodeado de mensagens, posts, oportunidades “em aberto”.
Uma que me faz pensar:
Depois descobri que não. Tem nome.
Chama-se solidão funcional.
Aquela que veste camisa polo, atualiza o LinkedIn, e diz que está “aberto a novas possibilidades” com um nó na garganta.
hiperconectados
Mas emocionalmente…estamos à deriva.
+26% risco de morte precoce.
+50% risco de demência.
Tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia.
Não se fala disso.
Nem nas redes sociais. Nem nos cafés virtuais de terça.
Estamos todos tentando manter a pose, o pitch, o profissionalismo. Mas o que tá faltando não é um novo contato.
É contato de verdade.
Você pode estar numa call com alguém incrível
e ainda assim se sentir invisível.
Porque conexão não vem só de afinidade. Vem de escuta. De presença.
Sem pressa. Sem aba aberta. Sem julgamento.
Estamos construindo redes…mas esquecendo as pontes.
vai um carta?
Às vezes, o que falta não é uma pergunta inteligente.
É um espaço seguro. Um “tô aqui” sem agenda oculta. Um respiro sem medo de parecer frágil.
Foi por isso que eu comecei a escrever cartas.
Sim. Cartas mesmo. Com papel, caneta e silêncio entre as frases.
Uma vez por mês, eu escrevo. Devagar, com intenção. Pra você.
Pra quem quer receber algo que não se perde no feed. Uma resposta pessoal.
Ou só um lembrete: ainda tem alguém do outro lado, escrevendo devagar.
Sem pressa. Sem algoritmo. Sem métrica.
Se você sente falta de algo mais tátil, mais presente, mais seu, talvez essa carta seja pra você também.
🖋️ me escreve, Paiva
Esse e-mail termina aqui. Mas talvez… sua próxima troca não precise ser tão automática.
O resto, é seu.
