um ano sem postar
Nada de cortes dinâmicos. Nada de “Fala pessoal, hoje eu quero compartilhar…”.
Nada de algoritmo.
Só o silêncio de um sábado à noite com cheiro de café requentado.
Só esse canto aqui: a news.paiva.
E por mais que me comprometa a escrever toda semana, tem uma coisa que me alivia:
a ausência do botão de like.
Ninguém vê quantos abriram. Ninguém comenta por impulso. Ninguém scrolla pra esquecer.
Só quem escreve. Só quem lê.
Esse gesto íntimo de abrir um e-mail e receber uma ideia como quem recebe uma carta dobrada em quatro, com dobra torta, talvez, mas com intenção.
sem palco
Faz um ano que me ausentei do palco.
Ficar longe do YouTube não foi só uma pausa de conteúdo. Foi um desintoxicante narrativo.
Longe do título clickbait. Longe do “gancho irresistível”. Longe do cálculo inconsciente de relevância.
Aqui, eu posso falar sem gritar. Posso refletir sem vender. Posso existir sem performar.
E vocês… continuam lendo.
Mesmo sem thumbnail chamativa. Mesmo sem reels de cortes dinâmicos. Mesmo sem prometer um novo eu em 5 passos.
Isso, pra mim, já é recompensa.
Abertura de e-mail é minha única vaidade hoje. Se abriu, ótimo.
Isso me satisfaz.
lembra das cartas?
Recentemente, relancei meu serviço de cartas. Dessa vez cobrando.
Mas devo confessar: fiquei com um gosto amargo na boca.
Porque é difícil colocar preço naquilo que nasceu como antídoto.
A carta era meu ritual. Meu refúgio. Meu escape manual num mundo de arrastes e notificações.
Mas eu também estou há 8 meses desempregado. E a fatura não aceita afeto como forma de pagamento.
Então cobrei. Mas cobrei tentando manter o cuidado. Cobrando sem virar infoprodutor genérico com um sorriso forçado na thumbnail.
Vocês sabem de quem eu estou falando.
A verdade é que tudo que faço aqui tem um propósito maior: trazer um pouco mais de calma pra você.
Não pra te fazer largar o celular. A gente sabe que isso não vai acontecer.
Mas pra você escolher melhor o que consome, como age, pra onde vai sua atenção.
Atenção é vida. E essa newsletter é meu jeito de devolver a sua.
reavaliação
Nesse último ano, entre currículos, entrevistas e tentativas de reencontrar um emprego no Canadá, eu também reencontrei a mim mesmo.
Talvez você esteja nesse mesmo processo.
De reavaliar. De desfazer excessos. De olhar com mais calma.
Às vezes, o que a gente mais precisa é uma pausa pra voltar a enxergar.
Se essa news te alcançou no meio do caos, espero que ela te lembre disso:
Nem tudo precisa ser pra todo mundo.
Tem espaço pra coisas pequenas, escritas em silêncio, com cheiro de porão com mofo e uma luz quente de fim de tarde.
Coisas que só existem entre quem escreve e quem lê.
Coisas que não precisam viralizar pra valer a pena.
Esse e-mail termina aqui.
O resto, é seu.
