silêncio também é resposta
Outro dia, uma Head de Produto que eu admirava me mandou mensagem.
Disse que tinham aberto uma vaga. Me viu, pensou em mim, achou que era a minha cara.
Fiquei feliz. Sabe quando parece que finalmente alguém entendeu o que você faz?
Pois é.
Me candidatei em poucas horas.
Preenchi o formulário.
Mandei mensagem.
Fiz follow-up.
Depurei um bug no sistema deles (o botão de enviar tava quebrado, juro).
Acabei conversando com quatro pessoas da equipe.
Ótimas trocas. Conversas atentas.
Sabe quando parece que as ideias se encontram antes das palavras?
Valores alinhados. Caminhos possíveis. Uma certa empolgação no ar.
E então…
…nada.
Nenhum e-mail. Nenhuma recusa. Nenhum fechamento.
O tipo de silêncio que não é esquecimento. É escolha.
E eu sei. As equipes estão ocupadas. As prioridades mudam.
Mas se você chama alguém pessoalmente pra aplicar, o mínimo é fechar o ciclo.
Principalmente em círculos criativos pequenos, onde reputação é mais que currículo. É cuidado. É contexto.
Não é ranço, juro. É só sinceridade.
Porque clareza não custa nada.
Mas o silêncio...o silêncio custa tempo, esperança, dignidade às vezes.
e as redes sociais?
O mais curioso é que isso não acontece só em processos seletivos.
A gente posta esperando resposta.
A gente compartilha esperando presença.
A gente mostra a própria vida como quem mostra boletim esperando elogio.
“Olha onde eu fui.”
“Olha o que eu conquistei.”
“Olha como a minha vida é linda. Gostou?”
Acontece nas redes sociais também.
E quando o retorno não vem… a dúvida aparece.
A foto era pra guardar um momento. Virou ferramenta de validação.
E cada vez que a reação não bate a expectativa… a barra sobe. A insegurança cresce.
E a gente começa a produzir pra agradar, não pra lembrar.
Até que um dia… a corda arrebenta.
E quando arrebenta, ela cede sempre pro lado mais frágil.
Quem tem expectativa demais, despenca mais alto.
pare de tentar
É por isso que eu queria te lembrar de uma coisa simples hoje:
Você não é o silêncio que recebe.
Nem o like que falta.
Nem o feedback que não veio.
Você é o gesto de tentar.
O valor de insistir.
A coragem de continuar aplicando, criando, escrevendo...
mesmo sem retorno imediato.
No fundo, é tudo sobre clareza. Nas relações. Nos processos. No que a gente posta.
E no que a gente espera em troca.
Tem muito trabalho bom esperando por você.
Mas ele só aparece quando você para de bater em portas que não querem se abrir.
Esse e-mail termina aqui. O resto, é seu.