o prazer escondido por trás do hate
Há um ano, postei meu vídeo mais recente.
Sem opinião, sem provocação. Só eu… passando café.
E ainda assim, lá estava ele:
um comentário seco, cínico, venenoso o suficiente pra estragar a manhã se eu deixasse.
“Mais um tentando pagar de sensato.”
Sério?
Nem a cafeteira escapou.
A gente se acostumou a pensar que haters são exceções.
haters se sentem bem reclamando
E se eles forem só sintomas?
Sintomas de um cérebro saturado.
De um feed que virou tubo de ensaio emocional.
De um vício invisível que ninguém posta, mas quase todo mundo tem.
Reclamar.
Não estou falando de crítica com propósito. Falo da reclamação vazia, cíclica, viciante.
Aquela que parece aliviar, mas só prolonga o mal-estar.
Que parece ser autenticidade, mas é só algoritmo disfarçado de opinião.
Cientificamente, reclamar ativa o circuito de dopamina no cérebro.
Sim. Reclamar dá prazer.
E o Instagram é a plataforma perfeita pra isso.
Cada comentário indignado,
cada reply passivo-agressivo,
cada story-ataque,
uma dosezinha de grosseria química.
Um alívio temporário pra uma frustração que a própria rede alimentou.
toda reclamação é um pedido disfarçado
Não importa o quão neutro seja o seu post. Sempre tem alguém pronto pra odiar.
A culpa não é (só) sua. É da frequência.
Estamos todos vibrando em ondas de escassez,
de comparação,
de reatividade.
Acordamos deslizando o dedo na tela, já sintonizados com a energia de não é suficiente.
E quando alguma coisa cutuca...
um café, um sorriso... uma opinião...
a resposta vem automática: reclamar.
E o pior: quanto mais a gente reclama, mais o cérebro se adapta.
Mais ele aprende a buscar o que irrita.
Mais ele clama... e repete.
A palavra “reclamar” entrega tudo:
"re", de novo.
"clamar", pedir.
É um pedido ao universo pra reviver o que te machuca.
E o Instagram é o alto-falante desse pedido.
reclamar dá alívio
Mas te paralisa.
A cada comentário ácido, a frequência coletiva se afina um pouco mais com o ruído.
E a dança continua.
Você posta e o medo vem:
"será que eu vou ser cancelado?"
"será que eu vou receber hater?"
Mas…e se você trocasse a trilha? E se antes de postar, você pausasse e refletisse?
Não pra censurar o que sente, mas pra escolher o que cultiva.
Porque nem tudo que pulsa precisa virar legenda. Nem toda raiva precisa de palco.
Nem toda alegria e amor precisa de aprovação.
você não controla o algoritmo
Mas escolhe a música que toca dentro de você.
Hoje, desliguei as notificações. E escrevi três coisas pelas quais sou grato.
Não postei. Só li, refleti e respirei.
E a manhã, que tinha tudo pra afundar, ficou silenciosamente gostosa.
Esse e-mail termina aqui.
O resto, é seu.
O que você vai escolher ouvir hoje?
E mais importante: o que vai escolher tocar?